sábado, 4 de outubro de 2008

Entrevista ao blog www.brasilemlondres2012.blogspot.com


Abaixo segue na íntegra uma entrevista que eu dei ao blog do Guilherme que fala de vários esportes, e tem como objetivo apoiar modalidades olímpicas que serão disputadas em Londres 2012.
www.brasilemlondres2012.blogspot.com



I ae Gibran, tudo bom?

Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade dessa entrevista e dizer que ela estará na íntegra no blog
www.brasilemlondres2012.blogspot.com por volta do dia 15, depois eu te confirmo!

Vou fazer umas 10 perguntas e gostaria que vc as respondesse.

1-) O remo brasileiro atual tem mais estrutura, divulgação na mídia, competições nacionais com públicos,
participação em Copas do Mundo, do que quando você começou a remar?

Com certeza a estrutura ainda é longe de ser a ideal, mas está muito melhor do que há 22 anos atrás quando eu
comecei. Com o auxílio da Internet hoje ficou mais fácil divulgar o Remo, então acredito que também haja mais
mídia, porém ainda pouca se comparada a outros esportes. Sobre competições acredito que estamos amadurecendo
ano após ano e um dia teremos resultados internacionais.

2-) O remo é um esporte em que a idade não pesa tanto quanto em outros, vimos atletas de 35, 36 anos
medalhando. Qual você acha que é a idade máxima que um atleta pode brilhar? Você acha que dá pra chegar em
Guadalajara 2011 ou até mesmo em Londres 2012?

Vimos o remador da Estônia, Juri Iansen ganhar uma medalha de prata agora em Pequim na prova do double-skiff
pesado com 41 anos, então isso responde muita coisa. Tivemos o Redgrave aos 40 anos conquistando seu 5° ouro
olímpico. Eu penso que se o remador tiver uma boa saúde e condições técnicas para treinar ele pode competir em
alto nível mesmo após os 40 anos.
Eu ainda pretendo competir no Pan de 2011, vai depender dos critérios da nossa seleção e de como eu vou estar
em 2011. Ja para Londres tenho consciência da dificuldade de se classificar um barco de guarnição para uma
olimpíada, mas nada é impossível com um bom trabalho.

3-) Você acredita que se os irmãos Carvalho, oitavo colocado em 84, ou mesmo o dois com, quarto lugar na
mesma olimpíada, tivessem medalhado, a história do remo brasileiro seria outra?

Boa pergunta, imagino que sim, pois uma medalha na modalidade sempre tras consigo uma cobrança por novos
resultados parecidos, e isso acarreta investimentos e massificação da modalidade.

4-) Qual é a atual situação de um remador brasileiro? Tem como viver só do esporte? Os clubes dão todo o
investimento, ou a confederação e o bolso do atleta participam disso?

No início com certeza o remador brasileiro depende muito do seu bolso e do famoso "paitrocínio", mas assim que
este atleta conquista alguma expressão o clube já o ajuda com uma certa renda, transporte, estudos, material,
etc...

5-) A TV mudou a história no Brasil de esportes como Volei, volei de praia e ginástica. Por que o remo
dificilmente passa nas telinhas brasileiras? É um pena, não?

Sem dúvida, na minha opinião o público de TV está muito acostumado a esportes de emoção contínua, como o
futebol, o volei e o basquete. O remo para se adequar ao modelo das TVs deveria mudar o formato das regatas,
passando a disputa para distâncias menores, onde o público poderia acompanhar melhor as provas, além de termos
chegadas mais disputadas, onde a decisão só ocorreria nos metros finais.

6-) Nos seus quatro Pans, você levou três medalhas de prata. Qual foi sua medalha mais "gostosa" de se
receber? Gostaria que você contasse o que aconteceu com o barco 8 com no pan de 99.

Com certeza a Prata mais gostosa foi a primeira, a de Winnipeg, pois além de ser a primeira medalha que eu
conquistava num Pan ela veio justamente numa prova lindíssima, disputada metro a metro com o barco argentino,
ora nós liderávamos, ora eles, e na linha de chegada deu Argentina somente 26 centésimos a frente. Foi muito
emocionante e bastante lembrada até hoje por todos que estavam lá.
Na prova do 8 nós tínhamos uma ótima chance de conquistar uma medalha. Tínhamos uma equipe fortíssima e
bastante experiente. Na altura dos 1000mts de prova havia muita marola, muita mesmo, daquelas perigosas de se
prender o remo, e por infelicidade do destino o nosso voga, Periquito, atolou seu remo e não conseguiu livrá-lo
a tempo pra voltarmos à prova. No momento estávamos em 2° lugar e já íamos despachando os argentinos e cubanos,
porém, perdemos segundos preciosos nessa manobra e cruzamos na última colocação. Foi triste, mas só acontece
essas coisas com quem está lá no momento, e consolamos nosso amigo e respeitamos seu erro como poderia ter sido
conosco também.

7-) Estive nas regatas de remo do Pan do ano passado e vi muitas críticas á atuação dos brasileiros. O que
você acha que faltou para o ouro, para primeira medalha feminina e para igualar as seis medalhas de 2003?
Alguma coisa mudou depois da disputa do Pan aqui no Brasil em relação aos clubes e confederação?

Os países todos vieram muito bem preparados para este Pan do Rio. Todos queriam representar bem seus países e
de quebra conhecer a famosa cidade maravilhosa. E assim foi, tivemos adversários duríssimos que complicaram
bastante o lado dos brasileiros na busca por medalhas. Críticas sempre vão existir, mas acredito que elas devam
ser analisadas e que se tirem proveito de algumas. Na minha opinião o Brasil precisa de um técnico chefe que
seja estrangeiro, que more no Brasil e comande a seleção em full time, e utilize os técnicos brasileiros para
doutriná-los. Mas esse estrangeiro deve ser alguém com renome internacional, um cara com títulos mundiais e
olímpicos, só assim sairemos do marasmo desses resultados de anos sem expressão.

8-) Equipes emergentes como Venezuela, Uruguai estão roubando espaço de Brasil e Argentina no continente. No
Pan, vi várias vezes nossos barcos atrás destes países. Nós paramos de crescer em termos de resultados?

Se voce não inova, não investe pesado, e não abre a cabeça pra ciência corremos o risco de parar no tempo,
enquanto os emergentes parecem estar mais abertos às novidades e porisso começam a pontear numa prova e outra.

9-) Geralmente, as crianças começam no esporte em função de ter visto ídolos conquistando resultados
expressivos. Você começou no remo por causa de algum ídolo? No momento, o país está carente de um ídolo no
remo, ou você acredita que o Macarrão está cobrindo essa lacuna?

Quando eu comecei os irmãos carvalho estavam prestes a conquistar a sua segunda medalha de ouro em Pans, e isso
com certeza foi a minha maior motivação. Pra voce ter uma idéia de como são as coisas, eu era de Floripa e nem
imaginava remar um dia no Rio de Janeiro, mas hoje o Ronaldo de Carvalho é meu dentista, rsrsrs, só uma
curiosidade pra se entender do que um ídolo é capaz. Até hoje eu admiro o Ronaldo como atleta.
O Macarrão é hoje o melhor remador do Brasil, desde sua primeira olimpíada em Sydney 2000 que ele ocupa esse
posto, e com toda certeza é o ídolo do nosso esporte, assim como a Fabiana Beltrame é no feminino.

10-) Espaço aberto para você falar o que quiser, completar alguma coisa, citar alguma competição. Esteja a
vontade para falar aos leitores do blog

Cara, eu acredito no Remo, no esporte e no coletivo. Imagino um dia onde as coisas fluam mais naturalmente e
com isso consigamos expressão internacional com medalhas em campeonatos internacionais, vários ouros
Pan-americanos, etc.. Mas pra isso a gente precisa desde já abrir nossas cabeças para as novidades científicas
e tecnológicas que os países de ponta já utilizam há mais de dez anos. Além de investimentos pesados em
estrutura física, massificação da modalidade junto a municípios com potencial de rios e lagoas espalhados por
esse Brasilzão.
Enfim, vamos pensar grande e vamos deixar algum legado decente pras futuras gerações de remadores.
Valeu galera, e valeu pela oportunidade Gui.

Abração e sucesso no seu Blog.


Obrigado mesmo Gibran
Até mais!

3 comentários:

Guilherme Giorgi Costa disse...

Grande Gibran, achei seu blog no google e vou entrar frequentemente aqui

Obrigado pela entrevista, que sairá no meu blog dia 12 de outubro!

Um forte abraço e mais uma vez obrigado!

Guilherme Giorgi Costa disse...

Grande Gibran, achei seu blog no google e vou entrar frequentemente aqui

Obrigado pela entrevista, que sairá no meu blog dia 12 de outubro!

Um forte abraço e mais uma vez obrigado!

Anônimo disse...

Precisamos de mais cabeças pensantes, assim como o intercâmbio com treinadores estrangeiros. Parabéns pela entrevista, e pela reflexão proposta.